domingo, 13 de maio de 2007

Los Hermanos

"eu sou só um você
que você não quis
e querer é coisa tão pequena
que só não sou você por um triz"
Marcelo Camelo

Essa semana eu li na internet que o Los Hermanos darão uma pausa por tempo indeterminado na carreira, para que possam resolver assuntos pessoais que foram deixados de lado neses anos de trabalho com a banda.

Bom, se isso é o que eles querem que sejam felizes!!!!
O propósito desse post não é comentar essa decisão.

Acontece que o Los Hermanos é um grupo bem especial pra mim, por me lembrar o Vinicius. Aprendi a gostar desses caras de tanto que o Vi gostava, e em muitos momentos fiz de alguns trechos das músicas deles o fundo musical da nossa "relação".

"... viajar sem mim, me deixar assim, tive que arranjar alguém pra passar os dias ruins ... arranjei alguém chamado saudade."
(Primeira música de nosso repertório. Nos conhecíamos há pouco tempo mas a ligação já era grande, eu ia passar um final de semana fora e enquanto contava ele ia cantando essa música.)

Há mais ou menos 3 anos estava no msn com um grande amigo e o Vinicius, até então desconhecido pra mim, estava na casa dele. Nesses momentos de besteiras entre homens, o Guga (meu amigo) decidiu que eu deveria conhecer o Vinicius e o deixou conversando comigo. Conversamos muito. Adorei o papo, estava divertido e ao mesmo tempo interessante. Ele me enviou fotos , pra ser sincera não gostei, achei ele estranho, mas ao mesmo tempo conversar com ele estava tão agradável que concordei em continuarmos conversando em um outro dia.

Nem 24 horas se passaram e o Vinicius já me adicionou no msn dele, conversamos, trocamos telefones e descobrimos que mesmo com gostos bem diferentes - pelo tipó de roupa, estilo musical, entre outras coisas - tínhamos muitas coisas em comum, como os objetivos de vida, a facilidade com a escrita (na época tanto eu como ele tínhamos um blog onde falávamos de sentimento), a forma de encarar as paixões, as pessoas, os amigos. Cada dia que conversávamos eu me sentia mais próxima a ele, e imagem da foto que eu não gostei começava a ter mais cor e um ar de mistério que me intrigava.

Com tanta cumplicidade nosso encontro foi inevitável.
Lembro muito bem ...
Foi em uma dia de semana, depois do trabalho, no cinema do Shopping Higienópolis. Cheguei antes que ele e fiquei rodando que nem uma idiota nos andares de baixo para fazer hora e tentar chegar na frente do cinema com aquele ar de "ai desculpa ... me atrasei" e a maior cara de pau do mundo. O plano deu certo. Ao encontrá-lo tudo foi estranho, ao mesmo tempo que nos conhecíamos bem, quando os olhos se encontraram os rostos ficaram vermelhos, os sorrisos eram tímidos e o assunto ficava em torno do nosso amigo em comum.

Fomos assistir ao filme "Cazuza" e até que os letreiros foram aparecendo na tela eu acreditava que ele gostava de Cazuza, mas foi ai que descobri que ele topou o filme apenas para me agradar. Pronto! Ali ele me ganhou (hoje sei disso). Do cinema decidimos ir direto pra casa, cada um pra sua lógico, e nessa hora o destino teve seu papel fundamental na nossa história. Havíamos parado o carro no mesmo andar do estacionamento e muito próximo um do outro, o que nos deu mais alguns minutos juntos e sem assunto ... resultando em um dos beijos mais gostosos da minha vida até aquele momento. A timidez era nítida em nós dois, assim como o nosso interesse.

E então me deparo com o velho medo: "será que vai ligar?", "será que ele gostou?", "será que vai sumir?", "e se ele não quiser mais?", "por que ele gostou de mim?", "no que isso vai dar?". Enfim surgiram todas as perguntas frequentes em uma situação como essa e outras que a minha mente psicologicamente abalada consegue formular. Pra minha surpresa continuamos e nos falar, e como se não fosse suficiente marcamos mais um encontro. Isso foi acontecendo por alguns meses.

"... não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer..."

Bom o tempo passou, nos afastamos, ele tentou voltar com uma ex namorada, se tornou papai, eu tentei um novo relacionamento, mas mesmo assim não conseguíamos ficar muito tempo sem notícias um do outro.

"Iaiá se eu peco é na vontade, de ter um amor de verdade, pois é que assim em ti eu me atirei, e fui te encontrar ..."

Nesses 3 anos ficamos por diversas vezes e em épocas distintas. Passei por momentos importantes com ele, tivemos encontros marcantes, mesmo quando aconteciam no meio de uma madruga enquanto eu voltava de uma balda, nossa química reagia não apenas pelo corpo, mas nas conversas, agradávamos um ao outro. Não esqueço alguns detalhes que até hoje fazem lágrimas rolar em meu rosto. Sempre vou ter a imagem dele dentro do carro, na porta da minha casa me esperando para um jantar de Natal, não tem como esquecer a forma como ele segurava o óculos com os dentes, ou o jeito que ele riu de mim quando me sujei de catchup no Mc Donald's. Foram momentos incríveis. Ele é uma pessoa muito importante.

"... Todo o carnaval tem seu fim, é o fim, é o fim ..."

Hoje ele mora em Maceió, eu continuo nessa São Paulo maluca, e mantemos contato por e-mail. Passamos dias sem notícias, mas quando a saudade bate, ninguém tem vergonha, medo ou qualquer outro tipo de bloqueio em escrever. O sentimento acabou, não sei nem explicar como, mas o carinho ficou, de uma forma que consigo pensar nele com afeto, e me orgulho de cada minuto que gostei dele, de cada besteira que fiz em nome do meu sentimento, de cada lágrima por uma paixão torta.

Acredito que hoje, tanto eu como ele temos mais conciência de tudo que nos aconteceu, dos porquês que nos consumiam com suas respostas duvidosas, dos sentimentos sem sentido, das vontades proibidas, dos desejos reprimidos.

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