domingo, 14 de junho de 2009

MEU Dia dos Namorados

Vigésimo oitavo dia dos namorados que eu passo solteira. Fico me perguntando se um dia terei companhia nessa data, mas do jeito que eu sou cagada é bem provável que quando eu tiver alguém do meu lado, o dia dos namorados não exista mais, porque pra quem não sabe, essa data foi criada para o comércio faturar mais entre o dia das mães e o dia dos pais, ou seja, totalmente passível de sumir do calendário no exato dia que eu assumir um compromisso.
Estou me sentindo incomodada com esse dia muito antes dele chegar. Aliás, quando essa semana começou, eu já me irritei com as pessoas contando seus planos em casal e com todas as lojas falando sobre promoções para presentes, a televisão arremessando na minha cara uma tonelada de corações, beijos e suspiros apaixonados.
Minha vida estava uma bagunça, cheia de novos desafios e novas dúvidas. Consegui por uns dois dias pensar apenas no trabalho. Se tivesse essa consciência estaria feliz, mas só fui perceber isso quando na quarta-feira começaram a comentar essa data novamente.
Ok! Eu poderia passar por mais essa data numa boa. Estava confiante nisso, até que chegou o feriado do dia 11 e eu já não tinha forças de fazer nada. Fiquei em casa e troquei aquele que seria o único plano do feriado inteiro por uma noite de sono. Na quinta sai com meus pais e anoite me forcei a ir na casa da Luana, onde fizemos fondue, tomamos vinho, comemos chocolate, fofocamos e assistimos Flashdance. Foi bom, muito bom mesmo, uma noite que me fez bem, mas tinha que voltar logo pra casa porque o fatídico dia 12 estava chegando e com ele mais um dia de trabalho.
Fui pra agência e o mais interessante é que eu fiz por lá o que queria fazer com a minha vida como um todo: Organizar! Comecei pelos armários, os documentos, as pastas, gavetas e depois montei alguns procedimentos para que fique mais fácil e seguro esse meu mês de trabalho lá dentro. Mas precisava fazer isso com a minha vida. Arrumar meus armários, minhas gavetas, meus pensamentos, meus desejos, meus objetivos ...
Enfim não fiz nada disso. Sai mais cedo do trabalho e fiquei horas em um trânsito que me enlouquecia por me permitir ter mil pensamentos ao mesmo tempo. Precisava comprar o presente do meu pai, que eu não sabia o que seria, mas sabia que não estava disposta a bancar uma ida ao shopping no dia dos namorados. Pensava em alguma coisa pra fazer nessa noite, mas ao mesmo tempo tentava não querer sair, pra passar mais tempo com meu pai. Depois de muito pensar em muitas coisas e todas elas me levarem a sentir um buraco do tamanho do mundo dentro do meu peito decidi tomar uma atitude e ligar pras amigas e tentar marcar alguma coisa.
A Carla eu sabia que estava em sua viagem de casal, a Luana queria sair de balada, mas pra um bar escuro e claustrofóbico que eu curtia muito nos anos 90, achava rebelde e minha cara, mas agora, 10 anos depois, seria um dos últimos lugares pra onde eu iria em qualquer circunstância, muito menos no dia dos casais, que já era deprimente o suficiente pro meu gosto. Tentei então a Roberta, mas ela estava na estrada indo pra Campos do Jordão. Tudo bem que eu não teria dinheiro e não iria, mas em meio aquela confusão de sentimentos e o buraco se abrindo cada vez mais no meu peito, cheguei a sentir raiva dela por não ter me convidado.
Quase chegando em casa e depois de ter decidido qual seria o presente do meu pai, o Ricardo me liga, com uma boa intenção, mas como nossa amizade é escrachada, acabei exaltando o meu mau humor sobre esse dia. Aluguei filmes de comédia romântica e passei a noite pensando como eu seria feliz se tivesse alguém e depois pensei em qual seria a forma romântica em que conhecerei meu namorado. Tolices.
Como se não bastasse a sexta, hoje, sábado, continuo com a mesma sensação. Minhas amigas continuam em Campos e São Thomé das Letras. Minhas opções se restringiam a Ricardo e Luana. Liguei pro Ri e ele estava indo aproveitar o seu presente de dia dos namorados com a Vanessa. Nem quis saber mais detalhes. Já desliguei e cai no choro impensado, apenas sentindo e de forma forte e rápida. Nem racionalizei o que sentia e já comecei a escrever esse texto. Ainda preciso ligar pra Luana, tentar de alguma forma encontrar algo que me tire de casa, que me permita beber, encher a cara e rir de tudo e de todos.
Só quero que esse feriado, final de semana, dia dos namorados acabe.

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